PARÓQUIA NOSSA SENHORA IMACULADA CONCEIÇÃO ( 1976)
Arquidiocese de Vitória da Conquista
Vicariato São Marcos

Pe. Geneildo Almeida Lima
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quarta-feira, 14 de março de 2012

Síntese: Reflexão da Campanha da Fraternidade 2012

INTRODUÇÃOI. A Campanha da Fraternidade deste ano focaliza o tema da saúde. Um aspecto fundamental da vida da pessoa humana, que tem direito à uma vida digna, porque essencialmente é filha de Deus, resgatada pelo sangue precioso do Filho de Deus. Vida digna de filho de Deus = pessoa com saúde.

II. E no nosso Brasil esse aspecto é lamentável, deplorável. Nem é preciso citar fatos. Então, essa campanha não se endereça a quem está doente, mas a todos os cristãos (=responsáveis pelos seus irmãos) que tem o dever de lutar para exigir dos poderes públicos uma saúde não só decente, mas muito mais que isso, digna da pessoa humana, digna de um filho do Criador do mundo.



III. Como é lastimável (… e irritável) ver os homens públicos (=eleitos para o povo) se locupletando com altos salários (às custas dos impostos do povo) e não se importarem -um mínimo que seja – com a saúde do povo. Aliás, me esqueci … eles não usam o serviço público de saúde … tratam-se nos melhores e mais renomados hospitais particulares … e isso também às custas do dinheiro de quem sofre para pagar os impostos !

IV. Pelo que se vê esta Campanha de “Fraternidade” merece um empenho (além do normal) dos cristãos para exigir um mesmo tratamento para todos, pois, até a Constituição Brasileira (!), diz que todos são iguais !. Para nós cristãos, mais do que iguais, somos irmãos . . . e irmãos às custas do sangue do Servo Sofredor.

V. Esta CF nos convida a:
- sensibilizar as pessoas para o conceito de bem viver, para hábitos saudáveis;
- sensibilizar para o serviço aos enfermos, a atenção às suas necessidades e a integração na comunidade;
- criar e dinamizar a pastoral da saúde nas paróquias;
- difundir dados sobre a realidade da saúde;
- incentivar a discussão sobre o problema da saúde pública (não a que está longe, mas a que está ao nosso lado, na nossa cidade);
- reivindicar justo financiamento da saúde pública;
- qualificar a comunidade para acompanhar a gestão pública dos recursos públicos (= transparência), especialmente na saúde.

Talvez João Batista gritasse no deserto das nossas grandes cidades:
Você aí, que se diz cristão, acorda!
Está na hora de desacomodar-se (=agir)
para que a saúde dos seus irmãos seja atendida.
Essa é tarefa para você que tem saúde .. (e não para quem está doente).
Penitência para você nessa quaresma é isso!

1a. PARTE
FRATERNIDADE E SAÚDE PÚBLICA1. A vida, a saúde e a doença são realidades profundas, envoltas em mistérios. … Diante delas, as ciências não tem uma palavra definitiva. Assim as enfermidades, o sofrimento e a morte apresentam-se como realidades duras de serem enfrentadas e contrariam os anseios de vida e bem-estar do ser humano. (CF n.7)

2. A experiência da doença mostra que o ser humano é uma profunda unidade pneumossomática. Não é possível separar corpo e alma. Ao paralisar o corpo, a doença impede o espírito de voar. Mas se, de um lado, a experiência é de profunda unidade, de outro é de profunda ruptura. Ninguém escolhe ficar doente. A doença se impõe. Além de não respeitar nossa liberdade, ela também tolhe nosso direito de ir e vir. A doença é, por isso, um forte convite à reconciliação e à harmonização com nosso próprio ser. (CF n.12)

3. A doença é também um apelo à fraternidade e à igualdade, pois não discrimina ninguém. Atinge a todos: ricos, pobres, crianças, jovens, idosos. Com a doença escancara-se diante de todos nossa profunda igualdade. Diante de tal realidade, a atitude mais lógica é a da fraternidade e da solidariedade. (CF n.13)

4. Definição de saúde do Guia para a Pastoral da Saúde do CELAM. “Saúde é um processo harmonioso de bem-estar físico, psíquico, social e espiritual, e não apenas a ausência de doença, processo que capacita o ser humano a cumprir a missão que Deus lhe destinou, de acordo com a etapa e a condição de vida em que se encontre”. (CF n.14)

5. A vida saudável requer harmonia entre corpo e espírito, entre pessoa e ambiente, entre personalidade e responsabilidade. … Saúde é uma condição essencial para o desenvolvimento pessoal e comunitário. …
Para sua melhoria faz-se necessário:
- articular o tema saúde com a alimentação, a educação; o trabalho; a remuneração, a promoção da mulher, da criança, da ecologia, do meio ambiente, etc.;
- a preocupação com as ações de promoção da saúde e defesa da vida, que respondam a necessidades imediatas das pessoas, das coletividades e das relações interpessoais. … Ações (!) calcadas em valores como: igualdade, solidariedade, justiça, democracia, qualidade de vida e participação cidadã. (CF n.15)

6. Merece atenção e profunda reflexão o HINO DA CAMPANHA DA FRATERNIDADE que nos revela e aponta a realidade triste da vida dos filhos de Deus nesta terra em que habitamos todos juntos (eles, você e eu!).

6.1. Ah! Quanta espera, desde as frias madrugadas, pelo remédio para alivia a dor!
Este é teu povo, em longas filas nas calçadas, a mendigar pela saúde, meu Senhor!

Tu, que vieste para que todos tenham vida, (Jo 10,10)
cura teu povo dessa dor em que se encerra;
que a fé nos salve e nos dê forças nessa lida, (Mc 5,34)
e que a saúde se difunda sobre a terra (Eclo 18,8).

6.2. Ah! Quanta gente que, ao chegar aos hospitais, fica a sofrer sem leito e sem medicamento! Olha, Senhor, a gente não suporta mais, Filho d Deus com esse indigno tratamento!

6.3. Ah! Não é justo, meu Senhor, ver o teu povo em sofrimento e privação quando há riqueza! Com tua força, nós veremos mundo novo(Ap21,1-7) com mais justiça, mais saúde, mais beleza!
6.4. Ah! Na saúde já é quase escuridão, fica conosco nessa noite, meu Senhor (Lc 24,29), Tu que enxergaste, do teu povo, a aflição e que desceste pra curar a sua dor (Ex 3,7-8).

6.5. Ah! Que alegria ver quem cuida dessa gente com a compaixão daquele bom samaritano (Lc10,25) Que se converta esse trabalho na semente de um tratamento para todos mais humano!
6.6. Ah! Meu Senhor, a dor do irmão é a tua cruz! Sê nossa força, nossa luz e salvação (Sl7,1). Queremos ser aquele toque, meu Jesus (Mc 5,20-34) que traz saúde pro doente, nosso irmão!

7. Vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância (Jo 10,10).

- Sou responsável pela vida – pela saúde – do meu irmão. Recordemos Caim: ”por acaso, sou guarda do meu irmão? (Gn 4,9).

- Você está com saúde, alegre, feliz … e nem se dá conta de quanto vale este seu ”estar-bem” … nem se lembra de agradecer a Deus (o Deus da Vida, o Deus que dá a sua vida!) … MUITO MENOS você se lembra do seu irmão que está enfermo (cada um que se vire, cada um que se cuide!), impossibilitado de se locomover, de resolver suas coisas e seus problemas diários … E você! Você não tem nada a ver com isso?

- Quaresma tempo de “voltar”, de se “virar do avesso” porque o nosso lado direito só respira egoísmo, egocentrismo … Não seria um tempo de voltar a olhar para os outros, para suas necessidades, suas dificuldades … e dispor a fazer alguma coisa?

ELEMENTOS DA DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA
SOBRE A SAÚDE PÚBLICA8. – Princípios importantes:

a. O princípio da solidariedade: compromisso em prol do bem comum e da transformação das estruturas injustas que ferem a dignidade da pessoa. ( n.17)

b. A proximidade entre justiça e solidariedade: não há qualquer ordenamento estatal justo que possa tornar supérfluo o serviço do amor. (n.18)

c. Os princípios da subsidiariedade e da participação. Subsidiariedade = subsídio das instituições maiores às menores de uma sociedade. Participação é um dever a ser conscientemente exercitado por todos de modo responsável e em vista do bem comum. (n.19-22)

9. Controle social dos cidadãos = exigir do Estado. Pelos princípios de subsidiariedade e participação infere-se que os cidadãos e entidades e organizações civis e religiosas precisam colaborar com o Estado na implementação das políticas de saúde, por meio do controle social. Desta forma cabe-lhes exigir do Estado o cumprimento de suas obrigações constitucionais – acompanhar e fiscalizar a qualidade dos serviços oferecidos, – verificando estruturas de atendimento e responsabilidade dos profissionais. (n. 23)

10. Ação dos cristãos: contundência e profetismo. A reflexão sobre estes princípios orientadores (da vida cristã diária) são importantes (ou importantíssimos!) para que a ação evangelizadora da Igreja e dos cristãos, possa se revestir de contundência e pro-fetismo na área da saúde. (n. 24)

11. Caridade maior é mudar estruturas indignas e injustas. Além da “caridade na atenção aos enfermos”, é necessário empenho (sério, constante e contundente!) por mudança s nas estruturas que geram enfermidades e mortes.

Tais estruturas tornam-se visíveis
a.- nas situações de exclusão,
b.- na falta de condições adequadas e dignas de vida,
c.- e no descaso no atendimento oferecido aos usuários do sistema de saúde.

Tudo isso é exposto e escancarado pelos meios de comunicação social .. . e também pelos rostos sofridos e pelas mortes causadas pelo indigno atendimento. (n. 24).

12. C O M P A R E:

a. o atendimento que exigem para si os governantes e parlamentares com o atendimento ao povo (que paga altíssimos impostos) = Hospital Sírio-Libanês X hospital de 5ª. categoria (… ou sem categoria! ).

b. Interessante! Nunca vi nem soube que um governante ou parlamentar fosse atendido pelo SUS … que chegou ao Pronto-socorro e esperou na fila a sua vez (=esperou a sua vez) para ser atendido … que esperou seis “meses”(!) para fazer um RX, que esperou “dois anos” para fazer uma cirurgia … que esperou “meses” para agendar quimioterapia e radioterapia … e coisas desse tipo que todos sabemos. Acho que eles deveriam freqüentar as longas filas(=levantar de madrugada) de espera do sistema de saúde que eles votam para o povo … ou eles não pertencem ao Povo???

c. Acho que a saída seria trocar todos estes políticos porque nenhum deles até agora fez isso, ou seja, viveu como o povo vive, com um salário mínimo (minguado e so-frido!) que demora “meses” para ser votado ao contrário dos salários de suas excelências que é votado com exorbitantes aumentos e na mesma hora ou no mesmo minuto sem nenhuma discussão, restrição ou demora … (!!!) Desafio qualquer governante ou parlamentar a viver o mês inteiro com um salário mínimo (que eles votam para os outros e não para si!). E ??? … mas-porém-todavia-contudo a constituição do Brasil (e não de outro país) não diz que todos são IGUAIS (… ou eles são mais iguais que os outros ?!?!?)?

13. TAIS INDAGAÇÕES simplesmente transcrevem a dedução do que diz o n. 25: ”A Igreja do Brasil” sabe que ‘nossos povos não querem andar pelas sombras da morte. Tem sede de vida e felicidade em Cristo’. Por isso, proclama com vigor que ‘as condições de vida de muitos abandonados, excluídos e ignorados em sua miséria e dor, contradizem o projeto do Pai e desafiam os discípulos missionários a maior compromisso a favor da cultura da vida” (DGAE n. 66 – Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil 2011-2015). Maior compromisso? De quem ???

PANORAMA DA SAÚDE NO BRASIL14. Idosos. A Igreja empreende ações para a consolidação dos direitos das pessoas idosas – nesta etapa da vida – para que tenham acesso a políticas públicas de saúde e assistência social, que a idade requer. Contribui assim para que sejam valorizados e tenham as condições necessárias para viver dignamente no ocaso da vida, numa sociedade que descarta tudo o que não é produtivo. (n.58).

15. Tecnologias de ponta. A agregação de novos valores da tecnologia na medicina atual assume papel significativo e é bem vinda pois adiciona qualidade aos trata-mentos curativos e paliativos. A agregação de tais avanços levanta discussão por implicar altos custos e por relegar a segundo plano a necessária e indispensável humanização no tratamento dos pacientes. (n. 61). A evolução tecnológica agrega benefícios, facilidades e precisão, mas é preciso lembrar que o incremento tecnológico não deve substituir a relação humana nem desumanizar o atendimento à saúde. Todo avanço deve preservar o senso humanitário e o respeito ao ser humano. (n. 62)

16. O que é Saúde Pública? Saúde pública é o esforço organizado da sociedade, principalmente através de suas instituições de caráter público, para melhorar, pro-mover, proteger e restaurar a saúde das populações por meio de atuações de al-cance coletivo. (n.107)

17. Dever de Garantir Direitos e Recursos. Garantir para a população os direitos e os recursos previstos na Constituição Federal para a saúde é um dos desafios sociais de hoje. Acontece que – na contramão disso que prevê a Constituição – são as famílias que gastam mais com saúde (dados do IBGE). (n.109).

18. Determinantes Sociais de Saúde são elementos relacionados à preservação ou produção da saúde (trabalho, habitação, saneamento básico, serviços de saúde e de educação de qualidade, políticas macroeconômicas, proteção ambiental). Os determinantes sociais influenciam a vida das pessoas e geram as diferenças. Por isso, as ações de saúde devem promover a equidade e a inclusão. (n.114-116)

UM SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE19. Conceitos básicos: universalidade, integralidade e equidade. Princípios da: universalidade (a saúde é direito de todos), integralidade (acesso a to-dos os serviços de saúde, de vacinas a transplantes) e equidade (ações e serviços em todos os ní-veis, até os mais sofisticados e caros, sejam oferecidos a todo cidadão sem privilégios). Direito uni-versal, integral e igual à saúde = fonte: Ministério da Saúde www.portal.saude.gov.br.(n.117-118).

20. RECURSOS :
A saúde é direito de todos. O Brasil está longe de dedicar atenção à saúde pública semelhante a países que contam com um sistema público e universal, como Reino Unido, Suécia, Espanha, Itália, Alemanha, França, Canadá e Austrália. Para atestar tal afirmação: em 2008, o SUS gastou 3,24% do PIB, e o gasto dos países mencionados foi de 6,7% (= mais que o dobro!). (n.124).

21. RECURSOS NÃO VOTADOS.
Os recursos financeiros destinados à saúde pública em todo o Brasil são insuficientes. Várias propostas de lei para regulamentar os repasses à saúde foram colocadas em debate no Congresso Nacional, mas nenhuma foi aprovada em definitivo. (n.127) ISSO QUER DIZER: deputados e senadores (= representantes do povo) não estão nem aí com o povo … o povo que se lasque …

22. GOVERNO FEDERAL. É preocupante o não cumprimento “sistemático” do mínimo de investimento na saúde (arriscado e perigoso subfinanciamento da saúde pública) sob alegação de que a Emenda 29 não foi regulamentada (Emenda constitu-cional 29 de regulamentação dos recursos à saúde). (n.127-128).

23. Atenção! PARLAMENTARES OMISSOS e COMODISTAS!!! Por mais de uma década, os esforços não foram suficientes para vencer o comodismo das centenas de parlamentares brasileiros que, (por motivos diversos), não se interessam ou colocam impecilhos para o avanço desta vital regulamentação para o maior patrimônio da saúde pública: o SUS. (n.129)

Há, no entanto, um fundo de reserva especial para possíveis(?) ressarcimentos (a qualquer serviço privado nacional e até internacional), de custos com a saúde dos parlamentares. (n.129).

AH! MAS NÃO É POSSIVEL !!!
Ficou estarrecido! … (eu também!), mas é a pura verdade e está escrito com todas as letras no número 129 do Texto Base da Campanha da Fraternidade, veja lá.

24. PARLAMENTARES (=representantes do povo) são sanguessugas pois vivem às custas do suor, do sangue e da morte de cidadãos brasileiros honestos e cumpridores de suas obrigações. Interessante! Para a saúde do povo não tem dinheiro, mas para suas excelências tem até fundo de reserva para ressarcir possíveis gastos. Você não acha que já está na hora de mudar essa gente que mama nas tetas do governo, às custas do sofrimento do povo… e mudar também essas leis mais do que injustas, injustíssimas!

25. Interessante! NÃO CONSIGO ENTENDER !!!
Governantes que (suspeitando) vão para o Hospital Sírio-Libanês (não a um hospital do SUS), fazem exames de imediato… e detectam câncer… e de novo de imediato começam terapia com quimioterapia e radioterapia (… sem esperar para marcar “quando” houver vaga) com acompanhamento de equipe médica (não um médico).

DIGAM-ME onde e quando acontece isso com um cidadão simples e comum? MAS a Constituição não diz que o direito à saúde é universal, integral e equânime (=igual) ???

- Por esta Constituição nossa (= sua, minha, da Maria e do Antonio) a Dona Maria e o Sr. Antonio não teriam também direito ao mesmo tratamento no Sírio-Libanês?
- Por que precisam esperar na fila, pela boa vontade dos dirigentes do SUS, e serem atendidos em hospitaizinhos “sem categoria” ??? … “Me digam”: estou errado ou não é assim que se pensa???

26. O GRANDE DESAFIO.
Melhorar o atendimento no Sistema Público de Saúde Brasileiro e diminuir as reclamações em relação ao desrespeito e à dignidade humana, frente à vul-nerabilidade do sofrimento e da doença, é um grande desafio ainda a ser en-frentado pelas autoridades sanitárias brasileiras. (n. 139).

27. TRATAMENTO HUMANIZADO E ACOLHEDOR.
Carta dos Direitos dos Usuários da Saúde, de 2009, no artigo 4º.: “Toda pessoa tem direito ao atendimento humanizado e acolhedor, realizado por profissionais qualificados, em ambiente limpo, confortável e acessível a todos. (n.139-141).

28. TRATAMENTO HUMANO E ACOLHEDOR.

Há clamor, especialmente dos mais pobres, por profissionais “humanos e sensíveis”. O ser humano é muito mais do que sua materialidade biológica. (n. 144).

29. PROBLEMAS DA SAÚDE.
Segundo o IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) os problemas mais freqüentes são a falta de médicos (58,1%), a demora para atendimento em postos, centros de saúde ou hospitais (35,4%) e a demora para conseguir uma consulta com especialistas (33,8%). (n. 146).

30. INFORMAÇÕES QUE talvez ESCLAREÇAM OS FATOS.

30.1. A FALÊNCIA ESTRUTURAL DO SETOR DE SAÚDE.
O Brasil é um país de alta pujança econômica capaz de alavancar o crescimento apesar da política de baixo nível e do comprometimento dos recursos públicos, esban-jados em projetos equivocados, de raiz eleitoreira, e em desvios infindáveis de cor-rupção. Com tanta evasão de divisas, sofrem os setores essenciais do serviço público, deixando a população em estado de desamparo, carente de atendimento em saú-de, segurança, habitação, transporte público, educação e oportunidades de emprego. … Os problemas são extensos e graves. Faltam remédios e insumos elementares como gaze e luvas de procedimentos. … A população não pode contar com atendimento em especialidades, com uma consulta ou exame chegando a demorar oito meses. … O reflexo do descaso é uma população desassistida, a agressão explícita eclodindo nos postos depredados, o desinteresse de profissionais, as filas intermináveis e des-respeitosas nos hospitais. (editorial do jornal Correio Popular de 15/02/12)

30.2. SAÚDE EM CAMPINAS tem 35 MIL na FILA DE CIRURGIA: dados do levantamento da CPI da Saúde. Desse total, 8 mil são referentes a oftalmologia e mil são relativos a cirurgias oncológicas (ah! saudade do Sírio-Libanês!). Um dos setores mais complicados é o da ortopedia devido a acidentes de carro e motos. “Um exemplo dessa demora é um paciente que espera há quatro anos para passar por uma cirurgia no quadril no Hospital Municipal Mário Gatti”, comentou o presidente da CPI. As áreas de maior demanda: as cinco maiores demandas por cirurgias na rede pública são ortopedia, urologia, oncologia, oftalmologia, e cardiovasculares. (jornal Correio Popular 16/02/12).

30.3. SAÚDE SOFRE com falta de 39 REMÉDIOS. A dona de casa, Maria A.R.S.C., de 60 anos, toma remédios para controlar a pressão arterial e reduzir o colesterol. Sinvastatina e Losartan foram prescritos depois que ela sofreu um AVC, há três anos. MAS há três meses ela conta que não consegue retirar os remédios no Centro de Saúde Tancredo Neves … “não tenho tomado porque não tenho dinheiro para comprar”. (jornal Correio Popular, 01/02/12). Este mesmo jornal de 01/02/12 lista a crise na rede de saúde: lista 39 remédios em falta e lista 32 ítens de material básico em falta (por ex. compressas de gaze, agulha, luva cirúrgica, etc.).

30.4. A SAÚDE NA UTI PEDINDO SOCORRO! A crise política em Campinas teve reflexos severos sobre o sistema de saúde pública na cidade. A falta de investi-mentos e de atenção do poder público provocaram problemas de falta de medica-mentos, falta de funcionários e sucateamento das unidades básicas de atendimento. A reportagem percorreu 12 centros de saúde (doze, não foi um só!) e encontrou usuários insatisfeitos, irritados, se sentindo deixados de lado para retirar medicamentos nas farmácias e na busca por atendimento. O Sr. Edison V. foi diagnosticado com distúrbio bipolar, é hipertenso e diabético. Ele tem que tomar sete remédios diferentes por dia, entre eles três doses diárias de sertralina. “Esse remédio está sempre em falta, desde 2009″, diz o usuário mostrando receitas médicas com data de 2009 e o carimbo ates-tando a falta do medicamento. … O aposentado Antonio P. reclama de exames simples: “Fiz exame de sangue e urina e demorou três meses para sair o resultado”. Sua esposa, Maria E.C., espera há seis meses por uma consulta. (jornal Correio Popular, 12/02/12).

2ª. PARTE
UM PANORAMA DA MENSAGEM DE JESUS DE NAZARÉ31. Em geral, saúde e salvação significaram plenitude, integridade física e espiritual, paz, prosperidade. Será que poderíamos dizer que – hoje – há saúde e salvação para o nosso povo, ou está ele relegado ao mais deplorável abandono? (149)

32. As religiões sempre ofereceram respostas às buscas de um sentido para a existência e seus grandes desafios, particularmente em relação à dor, ao sofrimento e à morte que afligem a humanidade indistintamente. (150). E que pela convergência de todos os olhares para Jesus Cristo, que liberta e salva, a saúde se difunda sobre a Terra.(151).

33. O livro do Eclesiástico considera a doença como o pior de todos os males (cf.30,17), um mal que faz perder o sono (cf.31,2). O povo judeu entendia que a falta de saúde estava intimamente ligada com a culpa, o pecado. Segundo Carlos Mesters, “cura e perdão dos pecados parecem duas faces de uma mesma moeda: ambos vem de Deus mediante a prece. Porém, o Eclesiástico também propõe um novo modo de compreender a doença e, sobretudo, estimula um comportamento diferente na busca do restabelecimento da saúde. Se antes, recorrer à medicina e a seus profissionais era visto como falta de fé no Deus Altíssimo, o Eclesiástico considera os remédios, os médicos e a ciência como possibilidades de cura que vem do próprio Deus e, consequentemente, devem ser buscados quando necessário”. (157).

34. Essa perícope (cf.Eclo 38,1-15) está emoldurada por duas coleções relacionadas com o tema da saúde. O texto antecedente (cf.Eclo 37,27-31) fala sobre a temperança, especialmente como modo de preservar a saúde. O texto posterior (cf.Eclo 38,16-23) fala da morte, inevitável para homens e mulheres, mas que não deve ser causa de tristeza permanente para os que permanecem. (159).

35. O texto subseqüente (cf.Eclo 38,16-23), de maneira realista, recorda que temos um destino comum: a morte. Ela faz parte da vida. Nenhum ser vivente dela escapa. Embora reconheça que é natural a dor da separação e da perda, o compilador resgata da sabedoria popular o conceito de “a vida continua”, ou seja, as pessoas que perdem seus entes queridos precisam ressignificar sua vida e não se deixarem vencer pelo desânimo. Nestas ocasiões, é tempo de manifestação da solidariedade fraterna que pode fazer brotar de novo a esperança. (161).

O SOFRIMENTO DO JUSTO E SEU SIGNIFICADO36. Talvez o livro mais significativo do AT é o que narra a experiência de Jó . Este escrito da literatura sapiencial enfrenta o problema do sofrimento, relacionando: doença – castigo – pecado – Deus. Permeava a concepção de que cada doença ou sofrimento se explicava pela identificação de algum pecado cometido contra Deus que, por justiça, castiga o pecador impondo-lhe algum sofrimento. (165)

37. A teologia proposta no livro de Jó representa um avanço na forma de compreender o sofrimento, sua origem e valor. Não é, ainda, a palavra definitiva capaz de explicar o mal e o sofrimento, sobretudo aquele mal de que padece o inocente. Todo o livro de Jó é um debate teológico sobre o significado do sofrimento. É conhecida a história deste homem que, repentinamente, viu sua vida mudar. De pai rico e feliz de muitos filhos e filhas, tornou-se um miserável cheio de feridas. (166).

38. Os amigos de Jó procuram convencê-lo a reconhecer o pecado, pois deve ter cometido alguma falta grave. Jó, ciente de sua inocência, se nega a ligar doença com pecado e, sobretudo, a ver a doença como castigo de Deus. (167). Para ele, o sofrimento deve ter outra explicação. Por isso, ele mesmo chama Deus para que lhe dê a resposta. Atreve-se, contra o bom-senso de seus amigos, a questionar o próprio Deus. “Por fim, o próprio Deus desaprova os amigos de Jó pelas suas acusações e reconhece que Jó não é culpado. O seu sofrimento é de um inocente: deve ser aceito como um mistério, que o homem não está em condições de en-tender totalmente com a sua inteligência”. (168).

39. Da leitura da experiência de Jó, percebe-se que Deus não é origem do sofrimento, nem do mal. sofrimento faz parte da misteriosa presença do mal, impossível de compreender, mas que também não pode ser atribuído exclusivamente à respon-sabilidade pessoal. Sobretudo, supera a ligação automática entre doença e castigo divino, ou seja, “que a resposta à pergunta sobre o sentido do sofrimento não fique ligada, sem reservas, à ordem moral baseada somente na justiça. (169).

40. O beato Papa João Paulo II diz: “Para se poder perceber a verdadeira resposta ao porquê do sofrimento, devemos voltar nossa atenção para a revelação do amor divino, fonte última do sentido de tudo o que existe. … Cristo introduz-nos no mistério e ajuda-nos a descobrir o porquê do sofrimento, na medida em que nós formos capazes de compreender a sublimidade do amor divino”. (170).

SAÚDE E DOENÇA NO NOVO TESTAMENTO41. A cura do cego de nascença. A dúvida dos discípulos, ao encontrarem o cego, é de ordem teológica. “Quem pecou para que ele nascesse cego?(cf. Jo 9,2) .(173-174). A resposta de Jesus aos discípulos é clara: “nem ele, nem seus pais pecaram, mas é uma ocasião para que se manifestem nele as obras de Deus” (cf. Jo 9,3). Cristo inter-rompe a tradição de vincular doença e pecado e oferece aos discípulos, aos fariseus, aos judeus, aos familiares do cego e ao próprio cego uma catequese sobre sua missão. (175).

42. Ao romper com a teologia corrente e afirmar que a doença não é fruto do pecado, nem castigo de Deus, Jesus acaba com a lógica excludente de atribuir a culpa da enfermidade a Deus e por decorrência ao pecado, o que gerava e, ao mesmo tem-po, legitimava a exclusão social e religiosa de quem se achasse doente. (176). A finalidade catequética do evangelista está em evidenciar a missão de Jesus como luz do mundo. Por isso joga muito com as palavras “ver” e “crer”. (179).

43. Bom Samaritano: paradigma do cuidado. A parábola do bom samaritano é entendida como paradigma do cuidado. A parábola ajuda a pensar sobre a solidariedade, como também acerca da vulnerabilidade a que todos estamos con-dicionados.

44. O primeiro relato da criação do homem e da mulher diz que nós somos imagem e semelhança de Deus. Manifestamos uns aos outros a presença de Deus. O segundo relato lembra a matéria de que somos feitos: do húmus, do barro da terra. Assim temos a dignidade de Deus, mas somos modelados pela fragilidade, pela precariedade. Carregamos a marca da criaturalidade, ou seja, da dependência e não a autossuficiência. Ninguém vive sozinho! (185-186)

45. A parábola do bom samaritano nos lembra a condição de fragilidade humana, mas também indica que os seguidores de Jesus devem descobrir a importân-cia do cuidado. Esse é, de fato, o apelo do texto evangélico: reconhecer a condição de fragilidade e de vulnerabilidade de todo ser humano e libertar do temor da proximidade sanadora do outro. A fragilidade somente se cura median-te a proximidade daquele que se dispõe a cuidar do debilitado. Cuida-se da própria vulnerabilidade quando se consente a proximidade do outro. (188).

46. O samaritano é aquele que em face da necessidade do outro a assimila e se deixa transformar por ela. Não só porque cuida do ferido e lhe dá abrigo, mas porque o faz em prejuízo dos seus próprios planos iniciais. Tornar-se pró-ximo compreende uma vulnerabilidade ativa, um aceitar tornar-se frágil nas mãos de outrem … o que implica deixar-se nas mãos de quem cuida. (189)

47. Essa atitude se revela em SETE VERBOS da parábola: ver – compadecer-se – aproximar-se – curar – colocar no próprio animal – levar à hospedaria – cuidar. (190)

48. VER. A primeira atitude do samaritano foi enxergar a realidade. Ele não ignorou a presença de alguém caído e que se encontra à margem da estrada. Mas também o sacerdote e o levita também “viram” mas passaram adiante. Bom samaritano é todo homem que se detém junto ao sofrimento de outro homem, seja qual for o sofrimento.

49. COMPADECER-SE. A percepção da presença do caído conduz o samaritano à atitude de compaixão. A compaixão diante da fragilidade do outro desencadeou as demais atitudes. Bom samaritano é todo homem sensível ao sofrimento de outrem, o homem que se comove diante da desgraça do próximo. Cristo põe em realce esta atitude de comoção. É necessário, portanto, cultivar em si próprio esta sensibilidade do coração, que se demonstra na compaixão por quem sofre. Por vezes, esta compaixão acaba por ser a única ou a principal expressão do nosso amor e da nossa solidariedade com o homem que sofre”.

50. APROXIMAR-SE. Ao contrário dos que o antecederam, o viajante estrangeiro parou, aproximou-se do caído, foi ao seu encontro, não passou adiante.

51. CURAR. A presença do outro exige cuidado. A aproximação, a compaixão não são simplesmente sentimentos benevolentes voltados ao outro. Elas se tornam obra, transformam em ação que lança mão dos elementos que tem disponíveis para salvar o outro.

52. COLOCAR NO PROPRIO ANIMAL. Este passo é significativo. Ele colocou a serviço do outro os próprios bens. Não temeu disponibilizar ao desconhecido ferido tudo o que dispunha: seu meio de transporte, o que trazia para seu cuidado, o dinheiro.

53. LEVAR à HOSPEDARIA. O samaritano não só viu, aproximou-se, curou, colocou no próprio animal, mas até mudou seu itinerário, adaptando-se para poder atender aquele necessitado Mais ainda. Ele acabou mobilizando e envolvendo outras pessoas e estruturas para não deixar morrer aquele que fora assaltado. Isso é muito importante, pois nem sempre podemos responder a todas as demandas, mas podemos mobilizar outras forças para atender e cuidar de quem sofre. Trata-se de criar parcerias, ser referência e contrarreferência. ”A Igreja em sua missão profética, é chamada a anunciar o Reino aos doentes e a todos os que sofrem, cuidando para que seus direitos sejam reconhecidos e respei-tados, assim como a denunciar o pecado e suas raízes históricas, sociais, políticas e econômicas que produzem males como doença e morte”.

54. CUIDAR. Esse verbo exprime o conjunto das ações de intervenção do samaritano. Trata-se de um cuidado geral que envolveu outros personagens, recursos fi-nanceiros, estruturas de que o viajante não dispunha e o compromisso de retornar. Mesmo que tenha dado sequência à sua viagem, ela não teve o mesmo fim, nem se limitou a cumprir os objetivos iniciais. A razão é que ela agora inclui outra pessoa, um compromisso não planejado, mas que não pode ser ignorado. Cuidar passa a ser uma missão.

UMA IDÉIA GENIAL DA MENSAGEM DO HOMEM DE NAZARÉ:
HÁ SEMPRE UM BOM SAMARITANO55. A figura do bom samaritano assume a condição de modelo para a ação evangelizadora da Igreja no campo da saúde e no campo da defesa das políticas públicas. Seguindo o exemplo da parábola, “na comunhão com Cristo morto e ressuscitado”, a Igreja se transforma em:
- lugar de acolhida, – em que a vida é respeitada, defendida, amada e servida;
- lugar de esperança, – em que todo o peregrino, cansado ou enfermo, que busca sentido para o que está vivendo, pode viver de maneira saudável e salvífica seu sofrimento e sua morte à luz da ressurreição”. (191)

Espírito do samaritano = espírito do seguidor de Jesus Cristo e espírito da sua Igreja.

56. “O espírito do samaritano deve impulsionar o trabalho da Igreja. Como mãe amorosa, ela deve aproximar-se dos doentes, dos fracos, dos feridos, de todos os que se encontram jogados no caminho, a fim de acolhê-los, cuidar deles, infundir-lhes força e esperança. No restabelecimento da saúde física está em jogo mais que a vitória imediata sobre a enfermidade. Quando nos aproximamos dos enfermos, aproximamo-nos de todo o ser humano, de suas relações porque a enfermidade o afeta integralmente”. (192)

57. Visão humana e teológica do sofrimento: perspectivas de horizonte à vista
1. A experiência humana da dor e do sofrimento

2. o sofrimento e o mal

3. o amor, fonte mais rica do sentido do sofrimento

4. a palavra da cruz

5. a participação humana nos sofrimentos de Cristo

57.1. – a experiência humana da dor e do sofrimento 57.1.1. O sofrimento é de difícil aceitação para a humanidade. Numa sociedade hedonista (tudo impulsiona a busca do prazer sem limites e a recusa a tudo que exija esforço) a realidade do sofrimento gera desconforto, inquietação e mesmo revolta. O sofri-mento é um dos grandes entraves à jornada existencial do homem. Mas também, se constitui em via de transcendência para a busca de respostas. Assim as experiên-cias de sofrimento merecem respeito e clamam por compaixão e solidariedade.
57.1.2. O universo do sofrimento humano é mais amplo e complexo, pois o ser humano se depara com esta situação em diversas modalidades, como as de natureza moral ou psicológica, e as provenientes de flagelos sociais ou de catás-trofes naturais. (193-195).

57.2. – o sofrimento humano e o mal
57.2.1. O elenco das situações que proporcionam dor e sofrimento ao ser humano é extenso, mas delas podemos extrair um elemento comum, o mal experimentado. E é inevitável perguntas, como: o que é o mal e sua origem.
57.2.2. A indignação do ser humano ao sofrer, acaba se revestindo de componente religioso, pois geralmente dirige a Deus a pergunta sobre o sentido do mal e do sofrimento. Para muitas pessoas é impossível conciliar a experiência do sofrer com um Deus que ama. Assim passam a rejeitá-lo. É a grande problemática da relação causal entre transgressão e pena diante do sofrimento. No entanto, esta lógica não se aplica ao caso do sofrimento sem uma culpa manifesta. O cotidiano é farto de sofrimentos sem culpa e de culpas sem pena adequada.
57.2.3. A teologia cristã ilumina esta realidade, proclamando que o Criador é bom, que tudo o que criou se reveste de bondade. Em consequência, a exis-tência é essencialmente um bem. Se há sofrimento e males, a causa é a ausência de um bem ou de bens dos quais a realidade ou o ser humano se encontram priva-dos. E a privação é fruto das relações injustas estabelecidas pelo ser humano. (196-199)

57.3. – o amor, fonte mais rica do sentido do sofrimento
57.3.1. A grande luz sobre a realidade misteriosa do sofrimento humano provém do amor divino, fonte mais rica de sentido para esta experiência. Cristo, a encarnação deste amor, nos introduz neste mistério. Para tanto, é necessária a abertura incondicional à luz da Revelação, mediante o encontro com o Enviado de Deus, que na cruz responde às perguntas decisivas sobre a existência humana, sobre o mal e o sofrimento.
57.3.2. Cristo foi solidário com a dura realidad do sofrimento humano, pois o assumiu sobre si em livre obediência ao Pai. Na sua vida é evidente a presença do sofrimento: cansaço, hostilidades, perseguição, tramas para a sua morte, traição, prisão, condenação, flagelação, crucificação. Cristo vivenciou o sofrimento em intensidade extrema, realizando a profecia de Isaías: “o homem das dores … em quem o Senhor fez cair as culpas de todos nós” (Is53,3.6). (200-201).

57.4. – a palavra da cruz
57.4.1. Cristo Jesus aceita o sofrimento voluntariamente como homem e homem inocente. O seu sofrimento tem um agravante por ser o Filho unigênito em pessoa. Então, seu sofrimento se reveste de profundidade e intensidade incom-paráveis, capaz de abarcar a extensão do mal contida no pecado da humanidade. O Filho unigênito se sujeita a um sofrimento desta proporção, ao tomar sobre si os pe-cados, para cancelá-los e vencer todos os males.
57.4.2. A obra da redenção operada por Cristo, com sua paixão e morte na cruz, é a resposta mais completa à interrogação pelo sentido do sofrimento. Resposta esta dada não em teoria, mas com o dom de si mesmo que comportou um sofrimento desmedido e intenso.
57.4.3. A livre aceitação da cruz atesta o amor do Filho pelo Pai e sua confiança em sua obra de salvação. A verdade do amor se prova mediante a verdade do sofrimento extremo na cruz.
57.4.4. A paixão de Cristo representa a máxima expressão do sofrimento humano e recebe uma significação nova e profunda ao ser associada ao amor. Na cruz e pela cruz “Deus amou tanto o mundo que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que n’Ele crê, não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16). (202-205)

57.5. – a participação humana nos sofrimentos de Cristo
57.5.1. O sofrimento redentor de Cristo leva o homem ao reencontro com seus próprios sofrimentos. Ao reencontrá-los mediante a fé, os reencontra enri-quecidos por um novo conteúdo e com um novo significado. Este processo foi vivido por Paulo: “com Cristo fui pregado na cruz. Eu vivo, mas não eu: é Cristo que vive em mim. Minha vida atual na carne, eu a vivo na fé, crendo no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim” (Gl 2,19-20).
57.5.2. A cruz de Cristo ilumina a vida humana, especialmente o sofrimento e a morte, porque o anúncio da cruz inclui a notícia da ressurreição. Na ressurreição, o ser humano encontra uma luz completamente nova que descortina caminho de vida em meio às trevas das humilhações, das dúvidas, do desespero e da perseguição. (206-207)

58. A Igreja, comunidade servidora no amor
58.1. O Papa Bento XVI nos lembra (em sua carta encíclica Deus caritas est) que a Igreja como comunidade deve praticar o amor. Na compreensão do evangelista João, a mensagem de Cristo parece conter apenas um grande mandamento: “Eu vos dou um novo mandamento: amai-vos uns aos outros. Como eu vos amei, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros” (Jo 13,34). É o amor, – no Espírito, – que constitui a co-munidade eclesial e a impulsiona ao serviço, a acorrer aos sofridos e necessitados, mesmo quando coopera para que sejam supridas suas necessidades materiais. A caridade é um dever da Igreja e suscita várias iniciativas.
58.2. Este serviço conduz a uma sensibilidade especial em relação aos sofrimentos humanos, como também a ações concretas para aliviar os sofrimentos e suprir as necessidades dos desprovidos. Socorrer o ser humano é um dever.
58.3. “A saúde do homem, do homem todo, foi o sinal que Cristo escolheu previamente para manifestar a proximidade de Deus, o seu amor misericordioso que purifica o espírito, a alma e o corpo”, diz Bento XVI. (208-211)

59. Os enfermos no seio da Igreja
59.1. Quem permanece por muito tempo próximo das pessoas que sofrem, conhece a angústia e as lágrimas, mas também o milagre da alegria, fruto do amor, diz Bento XVI.
59.2. Na Igreja, os doentes evangelizam e recordam que a esperança repousa em Deus. Os doentes e sofredores exercem o protagonismo na evangelização com um testemunho profundo, o do sofrimento aceito e oferecido, o milagre do amor.
59.3. Os enfermos – por sua condição de fragilidade e vulnerabilidade – devido à doença e ao sofrimento, constituem-se em sinais dos valores que são essen-ciais na nossa vida em meio a tantas coisas supérfluas. Eles se tornam radares de alta sensibilidade. A resposta frente a esta realidade é nossa solidariedade samaritana. Eles nos evangelizam! (212-214)

60. O Sacramento da cura: a unção dos enfermos
60.1. Todos precisam ter muito claro que a unção dos enfermos não é um sacramento que consagra a morte nem a preparação imediata para a eternidade. Pelo contrário, é o sacramento que consagra uma situação especial de vida, ou se-ja, a situação de doença, de enfermidade, confiando ao doente a missão de com-pletar, no próprio corpo, o que falta à paixão de Cristo. (218)

60.2. O sacramento da unção dos enfermos é compreendido no contexto do ministério de cura que toda a Igreja exerce junto aos enfermos. A unção dos enfermos deve ser o ápice de um processo em favor dos irmãos enfermos e a ser-viço deles. Faz parte do ministério de cura que atualiza e significa a presença do Reino no hoje das pessoas. (215)
60.3. Este ministério supõe a experiência do amor gratuito de Deus; a consciência de que o rosto de Jesus Cristo se faz presente e visível no rosto dos po-bres e dos que sofrem. Supõe o zelo apostólico que nasce do amor que impele a partilhar com os irmãos o que se tem e o que se é. (216)

61. Maria, saúde dos enfermos – a ação da Igreja na saúde 61.1. Bento XVI lembra: “não admira que Maria, Mãe e modelo da Igreja, seja evocada e venerada como “Salus infirmorum”, “Saúde dos enfermos”. Como pri-meira e perfeita discípula de seu filho, ela demonstrou sempre, acompanhando o cami-nho da Igreja, uma solicitude especial para com os sofredores. (lembramos o Santuário de Lourdes, na França, e Aparecida do Norte). (220)
61.2. Na narrativa da visitação e no apoio de Maria a Isabel que vivia uma situação de gravidez de risco, pela idade avançada, vemos prefigurada toda a ação da Igreja em favor da vida que tem necessidade de cuidado. A exemplo de Maria “a Igreja conserva dentro de si mesma os dramas do homem e a consolação de Deus, mantendo-os unidos ao longo da peregrinação da história. (222)
61.3. Em sua história, a Igreja gestou inúmeros homens e mulheres de fé (os santos) que depuseram sua esperança em Deus e, empenhando-se como Maria, serviram aos irmãos necessitados. São santos e santas da caridade. (223)
61.4. No seio da Igreja a manifestação do amor do Pai em Cristo, em sua oferta na cruz, liberta e inspira os discípulos missionários na aceitação do sofrimento como participação no sacrifício do Redentor. Este fato tem suscitado, em meio aos dramas da vida, ações de graças naqueles que aprenderam a confiar na obra reden-tora de Deus. (224)
61.5. Assim a Igreja pode lançar, a partir de grandes testemunhos, uma luz sobre a doença e o sofrimento, tão oportuna no contexto de uma sociedade que tem muitas dificuldades em aceitar e viver esta realidade. Nas palavras de Bento XVI: a grandeza da humanidade determina-se essencialmente na relação com o sofrimento e com quem sofre. (224-225)

3ª. parte – o que fazer: agir
PARA UMA AÇÃO TRANSFORMADORA NO MUNDO DA SAÚDE62. TODOS CHAMADOS
As ações de Jesus para com os doentes deve inspirar toda ação dos que se dizem seus seguidores (da Igreja) no exercício da caridade fraterna. Diz o Guia Pastoral: “o mundo da saúde ocupou sempre um lugar privilegiado na ação caritativa da Igreja (será que ocupa na nossa paróquia?). Através dos séculos surgiram muitas instituições reli-giosas com a finalidade específica de promover, organizar, aperfeiçoar e estender a assistência aos doentes, fracos e pobres. (… nossa paróquia promove, organiza, aperfeiçoa e estende sua assistência aos doentes?…). (226)

63. HUMANIZAÇÃO.
Humanização em lugares que podem ser de abandono, desespero e desumanização: a proximidade de Jesus aos doentes prolonga-se no tempo, graças à ação do Espírito Santo na missão da Igreja (Palavra, sacramentos, homens de boa vontade, atividades de caridade fraterna), mostrando o verdadeiro rosto de Deus e o seu amor. (228)

64. PASTORAL DA SAÚDE

Pastoral da Saúde: é expressão da missão da Igreja e manifesta a ternura de Deus para com aqueles que sofrem. Ao meditar a parábola do bom samaritano a Igreja entende que é necessário ampliar o alívio do sofrimento além da medicina. (229)

64.1. A Pastoral da Saúde precisa ser “a resposta às grandes interrogações da vida, como o sofrimento e a morte, à luz da morte e ressurreição do Senhor” (doc. Aparecida). Empenha-se em evangelizar e construir uma sociedade justa e soli-dária a serviço da vida. (230)
64.2. Objetivo da Pastoral da Saúde (cf.estatuto): seu objetivo é promover, educar, prevenir, cuidar, recuperar, defender e celebrar a vida ou promover ações em prol da vida saudável e plena de todo o povo de Deus, tornando presente, no mundo de hoje, a ação libertadora de Cristo na área da saúde. São muitos verbos a definir a ação samaritana: qual deles – podemos nós dizer – que cumprimos? (232)

64.3. Dimensões em que atuar: solidária, comunitária, político-institucional (234-239)
64.3.1. solidária: o enfermo em seu leito de dor, necessita do apoio solidário. Tem direito que chegue a ele o consolo do próprio Senhor, o Bom Samaritano.
64.3.2. comunitária: promove ações de caráter educativo e preventivo a hábitos saudáveis de vida.
64.3.3. político-institucional: conscientiza o cidadão brasileiro de seus direitos e deveres no Sistema de Saúde através de efetiva participação nos conselhos de saúde. Há que ressaltar a participação (indispensável) no controle social das políticas públicas. – Infelizmente … só nos movimentos é que doe nosso calcanhar! – Está na hora de abrirmos os olhos e deixarmos entrar (no coração) a dor do nosso próximo … Está na hora de nos desacomodarmos e nos dispormos (nós que temos saúde, e … sem nenhum mérito nosso!) a “brigar” para que nossos doentes (nossos= filhos de Deus e irmãos nossos) tenham atendimento digno. Não esquecer o que nos garante a todos a Constituição: universalidade, integralidade e igualdade. (n.117).

Relembremos: nossos políticos não defendem essa universalidade, integralidade e igualdade. Tratam-se nos “melhores hospitais” e não se interessam com a degradação pela qual passa o atendimento de saúde do povo (povo = você, eu, nós … eles não). A igualdade não é “tão igual” assim para todos. Se os cristãos não “brigarem” por isso, quem o fará? E se os seguidores do Jesus de Nazaré não denunciarem … poderão se dizer seguidores dele ???

65. DIGNIDADE DE VIVER E MORRER

65.1. Por mais que se busque vida longa e saudável, chega o momento em que as forças diminuem, envelhecemos e somos confrontados com nossa própria finitude. A mortalidade faz parte de nossa existência, não há como negá-la e considerá-la inimiga. Precisamos ética e sabedoria samaritana para cuidar das pessoas que se aproximam do final de suas existências. O grande desafio é a questão da dignidade no adeus à vida. ((240)
65.2. O direito de ter uma morte feliz, sem sofrimento. Perguntamos qual o significado de tudo isso diante da morte violenta de milhares por acidentes ou violência, em nossa sociedade? Há que compreender que morrer com dignidade é decorrência de viver com dignidade. Parece ironia (!) dizer que todos tem direitos iguais a uma vida digna (conservada, preservada e desabrochada) antes de ter direito a mor-te digna. Chama-se a isto de direito à saúde. É chocante e até irônico constatar situações em que a sociedade que nega o pão para o ser humano viver, busca alta tecnolo-gia para “bem morrer!”. (241)
65.3. Não somos doentes nem vítimas da morte. Somos peregrinos neste mundo. Não podemos aceitar a morte passivamente como conseqüência do descaso pela vida, causado pela violência, acidentes e pobreza. É necessário cultivar uma santa indignação ética.

65.4. Morte.
65.4.1. Podemos ser curados de uma doença mortal, mas não de nossa mortalidade. Insensatamente procuramos a cura da morte e não sabemos mais o que fazer com nossos doentes que se aproximam do adeus à vida.
65.4.2. Entre a eutanásia e a distanásia há a ortotanásia.
A eutanásia = abreviar intencionalmente a vida.
A distanásia = adiar a morte: obstinação terapêutica em adiar o inevitável, acrescentando mais tempo e mais sofrimento, isto é, vida “quantitativa” e não “qualitativa”.
A ortotanásia = despedir-se da vida no momento e no tempo certos, sem abreviações ou prolongamentos inúteis, deixando a natureza seguir seu curso natural. (243)
65.4.3. O Código de Ética Médica do Conselho Federal de Medicina diz: “no final da vida, perante a morte iminente e inevitável, proporcione-se aos doentes cuidados paliativos e evite-se a prática da distanásia. Nas situações clínicas irreversí-veis e terminais o médico evitará a realização de procedimentos diagnósticos e tera-pêuticos desnecessários e propiciará ao paciente os cuidados paliativos apropriados”. (244).

65.4.4. João Paulo II, na Evangellium vitae, diz: “Distinta da eutanásia é a decisão de renunciar ao chamado excesso terapêutico, ou seja, a certas intervenções médicas já inadequadas à situação real do doente, porque não proporcionais aos re-sultados que se poderiam esperar ou ainda porque demasiado penosas para ele e para a sua família. Nessas situações, quando a morte se anuncia iminente e inevi-tável, pode-se em consciência renunciar a tratamentos que dariam somente um pro-longamento precário e penoso da vida, sem, contudo, interromper os cuidados normais devidos ao doente em casos semelhantes … A renúncia a meios extraordinários ou desproporcionais não equivale ao suicídio ou à eutanásia; exprime, antes, a aceita-ção da condição humana diante da morte. Na medicina atual tem adquirido par-rticular importância os cuidados paliativos, destinados a tornar o sofrimento mais suportável na fase mais aguda da doença e assegurar ao mesmo tempo ao paciente um adequado acompanhamento humano”. (246)
65.4.5. Bento XVI enfatiza que é necessário criar centros de cuidados paliativos que proporcionem assistência integral (ajuda humana e acompanhamento espiritual). É necessário promover políticas que criem condições em que os seres humanos possam suportar as doenças incuráveis e enfrentar a morte com dignidade”. (245)
65.4.6. É um desafio difícil aprender a amar o paciente terminal sem exigir retorno, com a gratuidade com que se ama um bebê, num contexto social em que tudo é medido pelo mérito! O sofrimento humano somente é intolerável se ninguém cuida. Como fomos cuidados para nascer, precisamos também ser cuidados para morrer. Cuidar fundamentalmente é sermos solidários com os que hoje passam pelo “vale das sombras da morte”… Amanhã seremos nós”! (247)

66. AGENTES DA PASTORAL DA SAÚDE
66.1. Na Igreja, -comunidade sanadora-, todos tem o encargo de agentes de saúde. ”A missão de ser testemunhas do amor de Deus através da proximidade, do diálogo, da oração, do acompanhamento e exercício da caridade é a de todo batizado e, de maneira especial, dos que professaram o carisma da misericórdia” (guia da pastoral da saúde). (248)
66.2. Recomendações importantes das novas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora – CNBB:
66.2.1. defender e promover a dignidade da vida humana em todas etapas da existência (da fecundação à morte natural);
66.2.2. tratar o ser humano como fim e não como meio, respeitando-o em tudo que lhe é próprio: corpo, espírito e liberdade;
66.2.3. tratar todo ser humano sem preconceito nem discriminação, acolhendo, perdoando, recuperando a vida e a liberdade de cada pessoa.

67. PROPOSTAS DE AÇÃO PARA COLABORAR NO AVANÇO DO
SISTEMA PÚBLICO DE SAUDE

67.1. “A Igreja, em sua missão profética, é chamada a anunciar o Reino aos doentes e a todos os que sofrem, cuidando para que seus direitos sejam reconhecidos e respeitados, assim como denunciar o pecado e suas raízes históricas, sociais, políticas e econômicas, que produzem males como a doença e a morte”. (Guia da Pastoral da Saúde). (253)

67.2. Algumas sugestões de ações transformadoras:
67.2.1. trabalhar e desenvolver um estilo de vida saudável.
67.2.2. promover cursos e encontros de conscientização política, para maior participação responsável dos cristãos.
67.2.3. participar das instâncias colegiadas do SUS: conselhos e conferências de saúde nas três esferas: municipal, estadual, federal.
67.2.4. criar “observatórios locais da saúde”, com membros competentes e idôneos, que sejam referência para a população. Para isto uma ouvidoria, diagnóstico, pesquisa, comunicação, monitoramento das iniqüidades em saúde : providenciar a necessária estrutura para que esses “observatórios funcionem ” na defesa de um atendimento digno (=humano) de saúde.
67.2.5. fazer parcerias com: Defensoria Pública, Controladoria Geral da União (CGU), Advocacia Geral da União (AGU), Procom, Ministério Público, Forum de Justiça para denunciar “situações de irregularidade” na condução da coisa pública.

68. COLABORAÇÃO DAS FAMÍLIAS

68.1. incentivar o cuidado pleno aos extremos da vida (criança e idosos) com atendimento digno, humano e com qualidade.
68.2. sensibilizar e mobilizar familiares e amigos para ações de promoção da saúde.
68.3. estimular o uso racional dos serviços de saúde para otimização dos recursos públicos.
68.4. disseminar a prevenção ao uso de drogas.
68.5. difundir programas de reciclagem e de projetos ambientais sustentáveis.

69. PARTICIPAÇÃO DE TODA SOCIEDADE

69.1. fortalecer os canais de participação efetiva na formulação, implantação e controle das políticas públicas de saúde.
69.2. comunicar problemas não resolvidos nos serviços de Saúde à Ouvidoria do SUS: disque saúde 136.
69.3. reivindicar atendimento humanizado, acolhedor e digno a todo cidadão em qualquer unidade de saúde (não seria esta a atitude atua l concreta do bom samaritano???).

70. PROPOSTAS ESPECÍFICAS

70.1. quanto ao acesso

70.1.1. promover o direito ao atendimento ágil e no tempo certo, humanizado e acolhedor, por profissionais qualificados, em ambientes limpos, confortáveis e acessíveis a todos. (Tudo o que os atendimentos do SUS não tem!).
70.1.2. exigir aumento do número de leitos públicos disponíveis para internações eletivas, de urgência e emergência (para lembrar: internação é necessidade, não hobby!) .
70.1.3. exigir que os poderes públicos garantam infraestrutura mínima e adequada nas unidade de saúde.
70.1.4. reivindicar que se coloque em prática (de fato, mesmo!) os princípios de universalidade, integralidade e equidade na atenção à saúde do cidadão.

70.2. quanto á gestão

70.2.1. exigir maior responsabilização dos gestores e políticos em relação às políticas públicas de saúde: secretários e ministros de saúde, prefeitos, governadores e presidente.
70.2.2. defender a necessária e indispensável formação técnica (e suprapartidária) aos cargos de gestores do SUS.
70.2.3. estimular realização de planejamento estratégico e de melhorias nas unidades de saúde.

70.3. quanto ao financiamento

70.3.1. mobilizar pela regulamentação da emenda constitucional 29 (EC 29).
70.3.2. monitorar o cumprimento da EC 29 nas três esferas.
70.3.3. lutar para readequar os investimentos na saúde: garantir aumento gradativo e contínuo.
70.3.4. ampliar a fiscalização para correta utilização dos recursos com transparência total à população.

70.4. quanto a fatores externos

70.4.1. denunciar transgressões éticas e profissionais no atendimento à saúde.
70.4.2. denunciar constatação de desvio de verbas ou práticas de corrupção com a conseqüente devolução à saúde dos valores desviados.
70.4.3. denunciar a Conselhos de Classe Profissional, Ouvidoria, Conselhos de Saúde, Ministério Público, Poder Legislativo, Poder Judiciário.

Fonte: http://www.celebrando.org.br/formacao/sintese-reflexao-da-campanha-da-fraternidade-2012/

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