A origem da palavra vocação
A origem da palavra
“vocação”: ela vem do verbo latino “vocare”, que quer dizer “chamar”. A
vocação é, portanto, um chamado. No âmbito religioso, a vocação é sempre um
chamado de Deus para alguma coisa.
A pessoa chamada se sente impelida, atraída
para aquilo a que justamente é chamada. É comum ouvir alguém que fez essa
experiência da vocação dizer que o chamado é como se fosse uma voz que ressoa
suave e insistentemente aos nossos ouvidos. É como uma idéia que insiste em
permanecer, mesmo quando queremos descartá-la.
A pessoa do vocacionado se sente atraída para
aquilo que considera belo, grandioso, importante e necessário que se faça. A
vocação é sempre vista como algo que se pode fazer de útil para os outros, e que
é, portanto, um serviço que se pode prestar aos outros.
É importante dizer que a vocação tem sempre
essa dimensão da “alteridade”, é sempre “alter”, isto é, é sempre voltada para o
outro. É um serviço, uma doação.
Para nós,
cristãos, a vocação é enriquecida de um sentido profundo, que nos é dado pelo
próprio Cristo.
Todo batizado é chamado a ser sempre e em todo
lugar - “sal da terra e luz do mundo”. Essa incumbência de todo cristão já é, em
si, uma vocação.
O cristão é sempre chamado a praticar
o bem e a promover a justiça, afastando-se do mal. E tudo isso é uma vocação, é
um chamado, é um imperativo ditado pela nossa adesão a Cristo.
Os tipos de vocações
Leigo
Leigos são todos os cristãos, que como
batizados têm a missão de anunciar Jesus Cristo: caminho, verdade e vida. São
pessoas não consagradas que trabalham na construção do reino de Deus, isto é, de
uma sociedade justa e mais fraterna, conforme o desejo de Jesus. Exercem
ministérios diversos na comunidade, conforme os dons que Deus lhes deu. Esses
serviços são: catequese, obras sociais, animação da liturgia, etc. O leigo
representa a Igreja no coração do mundo, atuando assim nos mais diversos
ambientes (escola, trabalho, família), com o testemunho de sua vida, sua palavra
oportuna, sua ação concreta. Por outro lado, ele é o homem do mundo no coração
da Igreja.
Religiosa
Os religiosos, ou religiosas, são pessoas que
foram chamadas para seguir a Jesus dentro de uma congregação religiosa,
consagrando-se a Ele através dos votos religiosos de pobreza, castidade e
obediência, além de outros específicos de cada congregação. Através do voto o
religioso faz uma oferenda de si mesmo a Deus. O fundamento evangélico da vida
consagrada está na relação que Jesus estabeleceu com alguns de seus discípulos,
convidando-os a colocarem sua existência a serviço do Reino, deixando tudo e
imitando mais de perto a sua forma de vida. As congregações de religiosas
ligadas à Ordem do Carmo têm como carisma a procura contínua de Deus, por meio
da oração
e do apostolado, com uma particular devoção a Maria, a Mãe de
Deus.
Sacerdotal
O sacerdócio é uma forma de seguir o chamado
de Deus exclusivamente para os homens. O padre é alguém tirado do meio do povo e
consagrado por Deus para o serviço deste mesmo povo nas coisas que se referem a
Deus. Ele é o grande mediador entre Deus e o povo. Seu papel é dar continuidade
à missão de Jesus Cristo, Cabeça da Igreja. Além de celebrar a missa e ministrar
os sacramentos (como o Batismo, a Confissão), cabe a ele fazer crescer o amor
nas comunidades, nas famílias, no coração das pessoas. Existem 2 tipos de
padres: os religiosos, que além de exercerem o ministério paroquial, assumem
também o carisma de sua congregação; e os diocesanos, que não pertencem a
nenhuma congregação religiosa, mas obedecem à diocese, na pessoa do
Bispo.
Familiar
O casamento é um chamado cheio de amor que
Deus faz a um homem e uma mulher para viverem juntos e constituírem família. São
2 filhos de Deus que Deus mesmo entrega um para o outro, para que um seja do
outro e para o outro. Quando a família vive verdadeiramente o amor está
correspondendo ao amor de Deus, está educando os filhos nesse amor e está dando
exemplo de fidelidade a Deus e a seu projeto de amor. Essa fidelidade se dá
através de uma vivência dos valores cristãos. Assim a família se torna espaço e
ambiente ideal para que os filhos possam discernir o chamado de Jesus. O lar
fica sendo um templo vivo de Deus e uma Igreja em miniatura. Sendo a 1ª
educadora, é na família que nascem e crescem as vocações, e onde se forma a
responsabilidade vocacional de todos.
A diferença entre profissão e
vocação
A palavra “vocação” tem sua raiz latina em
vox-vocis = voz chamado, chamamento. Já a palavra “profissão”
vem do latino profissione-professu=perito, ofício, declaração pública... Que
relação existe entre vocação e profissão? As pessoas articulam estas duas
realidades em suas opções de vida? Esta temática tem significado
atual?
Creio que é de grande atualidade refletir
sobre esta questão, principalmente numa época em que, paradoxalmente, ampliam-se
as perspectivas de escolhas profissionais, enquanto aumenta o desemprego. Cresce
o número de escolas, cursinhos e de candidatos e as vagas nas universidades,
principalmente as públicas, se mantém inalteradas. E mais: numa situação em que
muitos se questionam a que eles são chamados, vocacionados.
O primeiro problema a ser colocado é sobre a
tendência a reduzir a vocação a aptidão, facilidade, dom inato do indivíduo. Ela
comporta este aspecto mas não pode se limitar a ele, pois senão condenaria a
grande maioria das pessoas à frustração, ao perceberem que não foram
contemplados com dons naturais, claramente identificáveis. Para compreendermos
mais plenamente o sentido de vocação, é necessário buscar outra matriz, outro
referencial que amplie o seu significado, articulando-a com a realidade
profissional.
O homem é, primeiramente, chamado a ser feliz,
felicidade que deve se expressar na história, na vida concreta, no dia-a-dia.
Mas o que é ser feliz? Será que toda a busca de felicidade humana é esgotável na
história? Será que o desejo humano aceita o limite que a própria vida lhe
impõe?
Aqui, entra a dimensão do “SENTIDO DA
VIDA”: Somos chamados a ter um sentido profundo para a vida. Para
alguns, este sentido se expressa como sendo a felicidade aqui e agora, cujo
objeto varia de pessoa a pessoa: o dinheiro, o prazer, torcer para um time,
namorar, transar, trabalhar, ser solidário, amar e etc. Outros dizem que o
sentido último, profundo da vida é Deus, que a vida não termina com a morte e
por isto construir um mundo transformado, justo e fraterno é antecipar a
transcendência da vida. Esta primeira dimensão da vocação, então, poderia ser
chamada de abertura ao “SENTIDO DA VIDA”. Creio ser a dimensão mais
fundamental.
A segunda dimensão seria a abertura ao
OUTRO, a dimensão solidária. Não vivemos sozinhos. Somos fruto
da dedicação de muitas pessoas. É na relação com o outro que construímos a
sociedade, o cuidado com a coisa pública (a política), a amizade, o amor, a
família... Esquecer esta dimensão é contribuir para a desumanização de nossas
relações, realidade que preocupa a todos que sonham e lutam por uma sociedade
fraterna. E ainda, não podemos deixar de dizer que, para os têm uma visão
religiosa da vida, é na relação com o outro que podemos assumir a condição
filhos de Deus, ou seja: somos chamados a ser IRMÃOS.
Há, também, uma terceira dimensão. Ela se dá
na relação do homem com o MUNDO. É no mundo que o homem se faz
e se transforma ao mesmo tempo em que o transforma, pelo trabalho, em “mundo
humano” - a cultura: somos convocados, então, a ser GERENCIADORES DO
MUNDO.
Dentro desta perspectiva que apresentamos, a
profissão, maneira pela qual o homem exerce seu papel de transformador do mundo,
assume um significado que pode se articular perfeitamente com a vocação
transcendental do homem, (ABERTURA AO SENTIDO, AO OUTRO E AO
MUNDO) superando a visão limitada de “conformação com as tendências
inatas, dons” e etc. De outro modo, boa parte das pessoas amargariam o
sofrimento de não se realizarem (NÃO DESCOBRIRAM SEUS DONS), ou
então, não encontrariam sentido para realizarem tarefas árduas e exigentes,
porém profundamente necessárias à qualidade de vida da sociedade. Nem todas as
pessoas conseguem encontrar total integração entre sua profissão e sua aptidão.
Seria desejável que todos pudessem fazer aquilo que gostam e que sonham, com
prazer e, ao mesmo tempo, alcançassem condições econômicas, para uma vida de boa
qualidade. Mas a realidade nem sempre possibilita a realização de tudo ao mesmo
tempo.
É preciso, então, desvelar outro aspecto
importante: não podemos deixar de perceber que a vocação e a escolha
profissional têm uma dimensão cultural e histórica, fruto de grande contexto
como o familiar, o social, o educacional, o político, o religioso, o econômico,
dentre outros. É neste contexto que nos fazemos, somos gestados. A história, a
história de vida de cada um nos coloca desafios, situações em que somos
provocados a responder. A ação da liberdade e os condicionamentos das situações
nos impõem a dura tarefa de escolher, optar. Se o critério é apenas a
“satisfação garantida ou o seu dinheiro de volta”, ou “fazer o que o seu mestre
mandar”, ou ainda “quem quer dinheiro”, muitas frustrações nos aguardam no
mercado globalizado.
Fonte: http://www.coladaweb.com/religiao/vocacao
Fonte: http://www.coladaweb.com/religiao/vocacao
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